terça-feira, 8 de setembro de 2009

DUDA

Ela é muito engraçada
Não ta nem aí
Não quer saber de nada
Às vezes fala comigo
Quando quer... do seu jeitinho
Só enxerga seu próprio umbigo
Mas me olha com carinho
Também me deixa furiosa
Ela é o cúmulo da independência
Além de preguiçosa
Me obriga às suas massagens
Tenha a santa paciência!
Tem coisas que não dá pra deixar pra lá!
Pois não há quem me segure
Quando ela destrói nosso sofá!
Desse jeito vamos indo...
Acho que o caso não tem cura
Essa é a nossa vida
Com essa coisa peluda
A malfadada, mas muito amada
Nossa gata: a Duda.

domingo, 6 de setembro de 2009

MIRAR SIN LENTES

Me gusta cuando ries con miel en la mirada

Se me prende el corazon cuando te acercas

Pero me hiere tu callar cuando me siento aprisionada

De mis miedos, de mis dudas, de mis cosas malas

Me despiertas las ganas de cantar muy alto

De no dejar muchas palabras por decir

Pero me hiere pensar que dá igual si te falto

Si te dejo solo, si te dejo dormir, si te dejo vivir

Se me nublan los ojos si pienso en alejarme

Se me revuelve el estómago, la vida, la mente

Porque no quiero pensar asi, me da miedo amarte

Quiero quedarme quieta y llorar bajito siempre

Pero si al fin paro de pensar esas estupidezes

Y Dejo de querer correr donde no hay espacio

Si se me turba lo que veo afuera y me miro sin lentes

Veo que te quiero siempre y empiezo a vivir despacio


(Carla Amarelle)

sábado, 5 de setembro de 2009

MEU SOL PARTICULAR


Tudo gira e circula

O mundo todo gira

E giramos juntos

Cada um no seu próprio mundo

Rodamos e dançamos

Sem parar um segundo

Há quem insiste em sair de sua órbita

E girar em outro lugar

Ao redor de quem está por perto

Mas que tem seu próprio girar

Essa dança nos faz chocar talvez

Eu gostaria de girar junto

Saber girar só, ao menos uma vez

Giro porque o mundo gira

Giro porque preciso acelerar

Dar parte de mim à vida

Cada pensamento mofado ao luar

Giro conforme o som que me pira

Pois cada qual tem seu dançar

Dou o passo só no que me inspira...

Giro na minha própria sinfonia...

Mas com teu calor, meu sol particular


(Carla Amarelle)

EU ME RENDO

O que digo não é verso, é fato
Se o coração quebra, eu colo
Se a saudade me bate, eu mato
Se abandonas minha mente, eu choro
Se a enches, eu vazo
Pra dar espaço pro vazio, imploro
E se afogas mágoas, eu nado
Então fica pra sempre
Afina o violão e senta ao meu lado
Arromba minha mente
Me leva, me invade, eu me rendo...
Meu coração tá cansado.
(Carla Amarelle)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

DESDÉM


Sentir o que se sente tendo o eco pela frente
É chorar no vazio
pra quem não ouve,
Não vê, nem sente
É encher de amor os braços
E a vida vir pra puxar o tapete
Dar de si até o que não se tem

Criando no ato de amar o próprio bem
Podar a árvore no pomar

Voltar na primavera pra ver

E... Nem a flor, nem ninguém...

Assim se vive...

Mal ou bem...

Com ou sem...

Sozinho ou com alguém...

Carcereiro ou refém...

Apesar do seu desdém...

Que me dói, que não faz bem...

Que me tortura não porque maltrata

Mas pelo silêncio que contém.


Carla Amarelle

sábado, 13 de junho de 2009

ELA

Uma lágrima rola em seu rosto - ela sofre
De repente um aperto no peito - ela sente saudades
Uma luz brilha em seu olhar - ela sorri
Seu coração está cheio de angústia - então chora
O tempo passa - ela ficou no passado
Todos cantam - ela não consegue ser feliz
Tudo está claro - ela vive numa intensa escuridão
Tudo é confuso - ela tem pesadelos
Há passos na escada - ela sente medo
O silêncio é profundo - ela está só
Sua mente está confusa - ela entra em pânico
Seu coração sangra - porque ela ama e não é amada

Carla Amarelle (na adolescência - 27.12.84)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O AMOR

É um misto de vazio e plenitude
É o encontro do eu com o espelho
A dor que vem do tanto querer
De ver-se meio e querer ser inteiro

É sonhar dar-se como presente todo o dia
É tornar-se belo quando visto pelo olho alheio
Enxerga-lo e já bater o frio na barriga
Sofrer se passou um minuto e ele ainda não veio

É querer comprar tudo o belo que vejo
É pretender enfeitar sua vida o tempo todo
Ver uma estrela e incluí-lo sempre no desejo
Achar tudo bonitinho... até o seu bocejo

É perder a tarde e a razão escrevendo pra você
É querer só alegrar seu coração até o fim
Dedicar-lhe este poema de amor, embora pareça clichê
E terminar sempre com a ilusão de que não ficou tão ruim

Carla Amarelle

CHEGAR MAIS PERTO

Hoje não quero falar do meu passado
Das cores escuras ou dos sem sabores de outrora
Não vou dizer nada do meu suspiro calado
Daquele manancial de secas lágrimas
Se perdi, se fiquei ou se fui embora
Não quero entoar cânticos de lamentos
Também não vou dar ouvidos às bocas inescrupulosas
Estou cega aos olhares curiosos e peçonhentos
Não vou ser eu vítima da insatisfação alheia
O que importa é estar além, aqui, agora
Se não vou falar disso mas por alto mencionei
O que então me leva a escrever estes versos amadores?
É que de tanto jorrar de dentro o que explodiu porque amei
Os sentimentos empurram pra fora o que penso
E o coração me lembra que o amor curou as minhas dores
Então? É dele que quero falar?
Claro que não! Até já tentei mas não dá!
Quando se ama tanto assim,
Quando se admira tanto assim,
Quando se deseja tanto assim...
Ecoam suspiros mas o que dizer fica no ar
Impossível descrevê-lo! Palavra tão linda não há!
Pensei: para descrever o amor existirá algo mais forte?
Consigo construir uma ponte que leve o que sinto até teu coração?
Sem desvios, sem blitz! Acesso direto!
Daqui-sul praí-norte? Sei lá... Acho que não!
Por isso explodo em versos!!!
No afã de chegar mais perto, de te amar!
Aqui... aí... e na imaginação.

Carla Amarelle

PELA JANELA



Pela janela via o mundo preto e branco
Vozes, ruídos, melodias, sussurros mesclavam-se indistintamente
O olhar perdia-se no horizonte procurando...
Procurando pelo que? Nem eu sabia...
Apesar de ver e sentir tudo pálido, morno e incompreensível
O coração insistia em bater buscando, quem sabe, achar seu compasso
Não me perguntava o porquê, apenas caminhava pela vida
Passando sem deixar rastros, nem marcas, nem impressões
Sem criar meu próprio caminho pois caminhava seguindo as setas
Faltava aquela “eu mesma” que ficou pra trás!
Porém, todos os dias abria a janela
Por que sim... pra ver o cinza surgir entre o preto e branco do meu mundo
Talvez eu soubesse, no fundo, que valia a pena abrir a janela Pois é...
E não é que eu sabia? Foi naquele dia que a janela, ao abrir-se,
Mostrou-me o colorido mais belo que já havia visto!
Pensei que estava sonhando, mas ali estavam, na minha frente,
Coloridos, borboletas, notas musicais, arte e toda a harmonia!
Ele trouxe de volta meu sorriso, minhas gargalhadas, minha criatividade Despertou em mim o que estava adormecido... meu amor pela arte,
Meu lado hippie de ser, minha criança interior e até meu ciúme de criança! Trouxe novo sabor de vida e acordou as borboletas que moram em mim
Foi-se o tédio, a fadiga, as noites frias, a insensibilidade e o lado escuro
Mas voltou o brilho do olho, o calor da pele, os arrepios e o friozinho na barriga! Tudo isso ele trazia adornando a embalagem,
Então... impossível não perceber... não foi preciso rasgar o papel pra ver!
Foi assim que ele veio... com seu jeito de criança feliz, de anjo e de sedutor
Com seu cheiro de mato, trazendo pra mim na sua mochila o amor.

Carla Amarelle

MATIZES MUSICAIS

Vida engraçada…
Me trouxe de volta o colorido
Num suspiro musical
Entre escalas, olhares e diminutas
Essências se reconhecendo...
Energias buscando fundir-se
Entrelaçavam-se entre os acordes, compassados ou não
Momentos raros... momentos quase eternos...
Cegava-me a luz daquele olhar
com suas doces nuances de mel, me levava pra outro lugar
Perdia-me sonhando, submersa na triste escala espanhola...
Aquela... que não esquecerei jamais!
O Si bemol me chamava à razão
E eu, louca ou não, me negava a voltar!
Sei lá! É aqui o meu lugar!
Burlei redemoinhos e desafiei furacões
Infiltrada na vida que pulsava no querer mais
Doce destino...
Acabei preenchida, presa na fusão tal qual céu e mar
Minha existência, que soava desarmônica,
ganhou o sopro da vida
Entre beijos, olhares, toques e suspiros...
Foi aí que recuperei os sentidos,
Mergulhando naquele verde olhar...
Assim... Na sombra de uma guitarra...
Sob a luz da cortina de nossos matizes musicais.

Carla Amarelle

SOB A LINHA DO EQUADOR











O que me revolta

Me revira do avesso
Me atravessa e
Me descalça em todo tropeço

Então busco a calma

Nos trapiches da vida
Me remexo por dentro
Até achar a saída

Diga o que quiser
O que sou é forte e vibra
Pense o que lhe convier
Sou uma mulher de fibra

Me procure amanhã ou depois
Não me perca de vista
Não tente me entender
Embarco agora e não mudo de pista

Batalhe meu irmão, se me quiser por perto
Faça a sua luta e me encontre depois
Ali naquela esquina...
Se estiver aberto...

Se assim não for, não dá nada não
Pegue a linha do horizonte e emoldure sua dor
Sufoque o gemido com o travesseiro
E logo após adormeça sob a linha do equador.

Carla Amarelle